quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

O sismo de 28 de Fevereiro de 1969

Pelas 3 horas e 41 minutos do dia 28 de Fevereiro de 1969 a terra tremeu em Portugal Continental, um sismo de magnitude 7,3 (escala de Ritcher) causou destruição e lançou o pânico entre a população das áreas mais afectadas.

Primeira página do Diário de Lisboa (28-02-1969)

Considerado como o maior sismo, após o de 1755, a afectar Portugal Continental, durou cerca de 1 minuto e teve o seu epicentro a sudoeste do Cabo de São Vicente, numa área de elevada actividade sísmica.

A maior parte das pessoas saiu à rua e procurou as áreas mais abertas da cidade e longe do rio (por lembrança do tsunami de 1755), a maior concentração de pessoas registou-se na área do Campo dos Mártires da Pátria, onde muita gente se manteve até ao raiar do dia.

Na aérea metropolitana de Lisboa foi onde foram verificados os maiores estragos, principalmente nas fachadas e varandas dos edifícios, a queda de estruturas provocou grandes estragos nas viaturas estacionadas junto das mesmas.

Viaturas danificadas em Lisboa 

Os estragos provocaram muitos milhares de contos de prejuízos a entidades privadas, mas foram muitos os edifícios públicos e históricos que sofreram danos, exemplo disso foi a queda da cabeça da imagem da N. S. do Loreto no Chiado e os estragos verificados no Convento de Cristo em Tomar ou no Mosteiro da Batalha.

Imagem da N. S. do Loreto em Lisboa

Fonte de Louseiros, uma pequena aldeia do concelho de Silves (Algarve) foi fortemente atingida, tendo ficado praticamente destruída em consequência do abalo, apesar de todas as casas terem ruído e de todos os habitantes terem ficado desalojados, não se verificaram danos pessoais.

Aldeia de Fonte Louseiros

O fornecimento de energia eléctrica foi interrompido em várias localidades do pais, sendo que na Cidade de Lisboa se prolongou aproximadamente por 30 minutos, também os telefones deixaram de funcionar, o que agravou a sensação de insegurança da população.

O terramoto foi sentido igualmente em Espanha e no Norte de África, com intensidade variável e onde foram também registados estragos.

Nos hospitais de Lisboa deram entrada cerca de uma centena de sinistrados, a maior parte vitimas de comoção e de pequenos traumatismos, oficialmente registaram-se 13 vitimas mortais, destas "apenas" duas em consequência directa de ferimentos sofridos, as outras devido à comoção vivida, de entre os "anónimos" falecidos destaca-se um antigo Cônsul Francês em Lisboa, vitimado por síncope cardíaca.

Após o sismo principal, foram sentidas durante vários dias algumas réplicas, a mais forte fez-se sentir na mesma noite pelas 5:28 h  e ultrapassou a magnitude de 5 (escala de Ritcher), o que levou a que muita gente passasse o resto da noite na rua com medo das consequências da crise sísmica.


Em Portugal continental os grandes sismos, embora pouco frequentes, têm afectado especialmente as regiões central e meridional do território. Alguns sismos importantes, embora ainda menos frequentes, têm ocorrido igualmente na parte norte do País. Nos Açores ocorrem regularmente sismos danificantes que têm afectado as ilhas dos grupos central e oriental. A maior parte dos sismos atrás referidos e que são sentidos pela população são caracterizados por abalos de curta duração (poucos segundos a poucas dezenas de segundos).

Registo da actividade sísmica actual (fonte: IPMA) 

Fontes: 
  • Arquivo RTP
  • Diário de Lisboa
  • IPMA

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