terça-feira, 30 de outubro de 2018

Forte Velho do Outão

O Forte Velho do Outão, também conhecido por Forte do Zambujal, Forte do Facho ou Atalaião da Arrábida, foi construído no Séc. XVII (provavelmente entre 1649 e 1655) a mando do Rei D, João IV para colocação de artilharia que pudesse auxiliar na defesa da barra do Sado e do Porto de Setúbal.

Forte Velho do Outão (Fonte: Google Earth)
O Forte surge na forma de forte construído sobre plataforma de baluarte, o seu conjunto apresenta um circuito de muros altos, verticais que rematam em balcão corrido, vazado onde poderiam ter existido mata-cães (abertura no chão entre as ameias ou os balcões das fortificações medievais, através da qual se podia observar os atacantes e agredi-los com pedras, flechas, água fervente ou outros objectos) é ameado com abertas largas, com esplanadas em níveis diferenciados.

Mata-cães de uma fortaleza medieval (fonte: Wikipédia)
Em 1911 é que a artilharia de costa se individualizou como um dos ramos da Arma de Artilharia do Exército Português e a seguir à Segunda Guerra Mundial, uma comissão luso-britânica, coordenada pelo general britânico Barron, desenvolve um plano de defesa costeira da região de Lisboa. O chamado "Plano Barron" prevê um Comando de Defesa Costeira responsável pela coordenação de dois sectores de defesa costeira: norte - defendendo o rio Tejo e o Porto de Lisboa - e sul - defendendo o rio Sado e o Porto de Setúbal.
Entre 1948 e 1958, as baterias previstas no Plano Barron tornaram-se operacionais, a maioria das quais foi instalada em fortificações compostas por casamatas e paióis subterrâneos e armadas com peças navais de grande calibre instaladas em torres couraçadas.
Atendendo à sua posição privilegiada sobre o rio Sado, o Forte Velho do Outão foi escolhido para a instalação de uma dessas infraestruturas de defesa, a 7ª Bateria do Regimento de Artilharia de Costa (RAC). A construção desta unidade militar iniciou-se em 1944 e ficou operacional em 1954. Era composta por 3 peças de artilharia Vickers 152mm, de fabrico inglês, de médio alcance (10 – 20 km), pelo antigo forte e os aquartelamentos.

Porta de Armas (antes do encerramento) da 7ª Bateria do RAC (fonte: RAC - Blog)
Torres com peças de 152,4 mm (antes do encerramento) da 7ª Bateria do RAC (fonte: RAC - Blog)

Devido às evoluções tecnológicas (aviões bombardeiros de grande capacidade, misseis, etc.) a existência deste tipo de infraestruturas tornou-se obsoleta e em consequência disso, em 1998 o RAC foi desactivado e finalmente, em 2001 extinto. De referir que estas estruturas nunca foram utilizadas em contexto de conflito armado, tendo apenas realizado fogo real em contexto de exercício militar.

7ª Bateria do RAC em exercício de fogo real (fonte: Últimos disparos do "Muro Atlãntico" Português)
As unidades que faziam parte deste regimento foram desactivadas e abandonadas à sua sorte, tal foi o caso da 7ª Bateria, ficando o forte e todo o material remanescente, nomeadamente as peças de artilharia e estruturas conexas à mercê da pilhagem, vandalismo e destruição.

Um dos paiois suibterrâneos da 7ª Bateria

Este local é merecedor de uma visita, não só pela magnifica vista, mas também por revelar (ainda) uma página do nosso passado recente.


Localização do Forte


Referências:

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